O Silêncio do Mar
A obra O
Silêncio do Mar (Le Silence de la Mer,
no original) revela-se uma obra de resistência e de protesto contra a ocupação
nazi. Foi escrita por Vercors, pseudónimo de Jean Marcel Bruller (n. 1902,
Paris – m. 1991, Paris) e publicada clandestinamente em 1942. Durante anos, O Silêncio do Mar constituiu, em Portugal, leitura obrigatória para
os alunos que frequentavam o nível superior da disciplina de Francês.
Na obra, cruzam-se dois monólogos: o do
narrador-observador e o de uma das três personagens, um oficial nazi que, em
1941, se instala, sem consentimento, na casa de uma família francesa. Tio e
sobrinha não contestam abertamente a ocupação, mas optam pelo silêncio, fazendo
por ignorar a presença do inimigo. Permitem-lhe que se aproxime da lareira, que
use o piano, sem alguma vez lhe dirigirem uma palavra ou darem mostras de que
estão a escutá-lo.
Durante cem dias, o oficial trata com afabilidade os
habitantes da casa, falando de si, do seu passado e do seu fascínio pela
cultura e pelos escritores franceses.
Apercebemo-nos, pelas observações do narrador, da
paixão impossível que vai nascendo entre o alemão e a mulher da casa e da
admiração do próprio narrador pelo inimigo. Ao
longo da obra, tornamo-nos cúmplices das batalhas interiores das três
personagens e ansiamos que um dia o silêncio, que é tão impetuoso e forte como
o mar, se quebre.
(Livros que nos devoram é a nova rubrica mensal da Pomar de Letras, não percas na última Quarta-Feira de cada mês uma nova proposta de leitura. A crónica é da autoria de Luísa Félix que pode também ser seguida no seu blogue,
Letras são papéis.)