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sexta-feira, 31 de julho de 2015

SCREEN SHOT por A.A.M. (#31/2015)

(Screen Shot é escrito segundo a nova variação ortográfica.)


Realização: Jack Arnold


Dos clássicos de Hollywood há quem nunca se esqueça de figuras míticas que assombraram a história do cinema ao longo de décadas. O Monstro da Lagoa Negra é uma dessas criaturas. Surge das profundezas da Terra e é anfíbio, conseguindo respirar e caminhar na superfície, embora seu habitat natural seja aquático. É identificado por um grupo de exploradores em expedição que fascinados pela revelação tentam capturá-lo e levá-lo de volta para ser estudado. Situação com qual o monstro não concorda e em desafio ataca de volta, dando início a uma série de filmes sequenciais que marcaram o terror daquela época no grande ecrã.


quarta-feira, 29 de julho de 2015

Livros que nos devoram por Luísa Félix (#06/2015)

Navegador Solitário, de João Aguiar


Tudo começa no dia em que Solitão, o protagonista e narrador de Navegador Solitário, de João Aguiar (Lisboa, 1943 – Lisboa, 2010), completa quinze anos. Nesse dia, depois de ter servido os jantares no restaurante da família, Solitão assiste a uma sessão espírita, na qual o avô defunto, que usa a madrinha como intermediária, o incentiva a escrever um diário. Solitão, que não morre de amores pela escola e que se exprime num português carregado de erros e de calão, começa a escrever o seu diário nessa mesma noite, receoso de eventuais represálias. Este não é, contudo, um diário convencional, pois faltam-lhe os habituais cabeçalhos, com data e/ ou local. A evolução temporal é, em contrapartida, assinalada com espaços e asteriscos.

À medida que avançamos na leitura da obra, vamos conhecendo os medos e os anseios do jovem protagonista, bem como as suas lutas com as hormonas. Ao mesmo tempo, apercebemo-nos de que se dá um progressivo amadurecimento da personagem e uma melhoria considerável na forma como se exprime, sobretudo a partir do momento em que se apaixona e convive intimamente com Teresa, a professora de Português. É também graças a Teresa que Francisco, o nome pelo qual o jovem prefere ser tratado, acrescenta os seus conhecimentos de música e de literatura e exibe, sem pudor, a sua ternura.

Ao fim de algum tempo, o Solitão terno e ingénuo dá lugar a um homem materialista, um navegador solitário na sociedade dos finais do século XX, que troca o amor por uma vida confortável.


«Eu hoje faço quinze anos mas era melhor que não os fizesse. Tive um dia lixado e pra começar o meu velho obrigou-me a trabalhar no restaurante a servir os almoços e eu nunca gosto de lá trabalhar mas no dia dos anos é pior que nos outros dias e depois a velha não me deixou sair à noite com o Angelino e a outra malta porque apareceram visitas e no fim de tudo ainda tive de começar a escrever esta merda do diário ou lá como lhe chamam e eu não gosto nada de escrever não me importo de ler porque há a Bola e há os livros de caubóis mas escrever isso é mesmo contra vontade porque é uma chatice e a gente ainda tem de pôr vírgulas mas eu vírgulas não vou nessa não ponho que se lixe.»

João Aguiar, Navegador Solitário, Edições Asa


A autora, Luísa Félix, pode ser seguida no seu blogue, Letras são papéis.

terça-feira, 28 de julho de 2015

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Poesia de primeira, à Segunda-Feira (#30/2015)

Além do que pode ser dito


Gosto dos olhares que se sentem sem se ver
E dos corpos que se adivinham em silêncio

Gosto de caminhar tão longe que do nome me esqueça
E de sentir no choro de uma gaivota a solidão das aves

E gosto de lançar o sal agreste do destino
Nas intempéries que desafiam o conhecido

E no humor do mar!


Valter Guerreiro

domingo, 26 de julho de 2015

Undenied Pleasures por Nuno Baptista (#30/2015)



Em 2011, Kasabian lançaram Velociraptor!, que depois foi novamente editado numa box de pura luxúria, que inclui um póster, acessórios alusivos ao álbum que representam a art work desenvolvida nos singles, covers e um livro onde constam as letras, ilustrações e fotografias nunca antes vistas. Para quem não se lembra, a crítica foi extremamente favorável a este Velociraptor!, dotado de grandes composições rítmicas, aliás como é normal em Kasabian, e de força intrínseca aos autores. Fiquem com o Indie Rock de Days Are Forgotten.


sábado, 25 de julho de 2015

Cidadão Nemo por Paulo Seara (#04/2015)

Cidadão Nemo
Peça em 1 Acto

Por Paulo Seara


Cena 4 (Diálogo com a encarregada do senhorio)


A cena decorre na cozinha, um espaço iluminado por uma luz suspensa, vislumbra-se parte da mesa, da porta em frente sai uma iluminação em contra luz, por aí sai a encarregado do senhorio.

Sr.ª Rosália: Oh senhor Semedo, afinal temos novamente as nódoas no chão da casa de banho… são pingas de mijo!

Semedo: O chão é a terra, minha senhora (ironizando a situação).

Srª Rosália: Senhor Semedo, sei que é uma pessoa simples, mas seja asseado, pois existem outras pessoas na casa…

Semedo: A senhora está a pensar que sou eu, mas não viu!

Srª Rosália: Não estou aqui para ver as vergonhas do próximo… Sabe bem que temos de ser uns para os outros; e o senhor tem de ter mais cuidado com estas situações. Se for você! Está manhã estive a limpar a casa de banho, depois voltei a entrar lá, porque me tinha esquecido do pano do pó, e deparo-me com pingas de mijo nos azulejos, meus não seriam, pois não ando a regar em pé, e como mais ninguém aqui estava, deduzo que seja o senhor. Tenha cuidado, e estime as coisas.

Semedo: (desvia o olhar para o lado ao mesmo tempo que abaixa o queixo)

Srª Rosália: Estime as coisas, é o meu conselho!!!

Semedo: Eu vou ter mais cuidado. Mas anteontem por causa do ralo da banheira chamou-me à atenção, e eu não tinha nada que ver com o assunto. Até parece que se lá andam a rapar…a rapar… imagine…

Srª Rosália: Olhe Senhor Semedo o melhor é ficarmos por aqui. Desculpe o incómodo ao jantar. Eu me vou, que tenho que tratar do meu!

(Pausa)

Semedo: Raios a partam, que limpe, pois eu pago-lhe!

(Recebe uma mensagem no telemóvel)

Mas quem és tu, olha-me este agora, está bem que te chames Gomes, mas não te conheço… oh, vou para onde…às… é mas é maluco! É mas é maluco…

(O tipo liga)

Estou… mas… ah! sim, mas deve estar enganado…ah! sério que sim. Não me chateie, tente outro número.

(Pausa)

Queria o maluco, sair, pensa que tenho 20 anos, e que vou pagar-lhe alguma puta. Eu estive a combater… sei o que são as putas… e as infecções…. Que vá para o caralho!

(Pausa)

Petróleo e mais petróleo, isso é lá fora!

(Pausa)

Comer aqui é que é poupar, um tacho dá para 4 dias…

(Observa a televisão, e faz diversos zappings, sucessivamente, até ao abrupto blackout))

sexta-feira, 24 de julho de 2015

SCREEN SHOT por A.A.M. (#30/2015)

(Screen Shot é escrito segundo a nova variação ortográfica.)


Filme: Paddington (2011)
Realização: Paul King


Paddington, criado por Michael Bond, aparece pela primeira vez em 1958 e tornou-se um sucesso da literatura infantil. No filme, o urso de origem peruana chega a Londres e vê-se deparado com uma situação de emigrante numa cidade nova. Sozinho e sem saber o que fazer, Paddington, baptizado pelo nome da estação de comboios onde se encontra, é adotado por uma família e faz as delícias dos mais pequenos. Um filme descomprometido mas inteligente, que conta com a participação dos mesmos produtores de Harry Potter e atuações de Tim Downie, Hugh Bonneville, Matt Lucas e ainda Nicole Kidman, entre outros que dão com empenho a sua voz a este projeto. Um misto de comédia britânica com romance francês, tem nesta conjetura e nas mensagens subliminares os maiores elogios dos espetadores.


quinta-feira, 23 de julho de 2015

Animagem (#15/2015)

Depois de Crooked Rot e Manny, na edição 14, animagem continua este mês a explorar ambientes mais sombrios e abstractos da animação "stop motion". A escolha de hoje, Violeta, la pescadora del mar negro, conta a história de uma menina que, das negruras do mar, pesca perversas e obscuras relações, nma narrativa infantil e possessiva.


segunda-feira, 20 de julho de 2015

Poesia de primeira, à Segunda-Feira (#29/2015)

escrevem milhentas palavras
têm sofrido ninguém sabe quanto
desejam as paisagens que no olhar lavras
nenhum peito anseia tanto

nada de ti veio que não quisesse
nenhuma luz apareceu que não abençoasse
poemas mais puros que não fizesse
rosto enlevado nas palavras que soasse

o mundo realiza-se quando pode ver
existimos se as essências exalam
para eternizar teu nome e o fado prover

todas as alegrias de ti alam
para o espaço envolver
ecos de génio de ti falam


César Augusto

domingo, 19 de julho de 2015

Undenied Pleasures por Nuno Baptista (#29/2015)



Este norte-americano, criado na Venezuela, com créditos firmados e trabalhos premiados, tem o seu estilo associado ao que muitos definem ser um género de "New Weird America". Sobre o seu último trabalho, Mala, a crítica afirma ser um trabalho de associações livres com guitarras apropriadas e uma poesia impressionante. A explorar o Folk Alternativo, Mala, promete grandes feitos. Entre outros, Devendra tem colaborações com Beck e LCD Soundsystem.
Fiquem com "Never Seen Such Good Things".


sábado, 18 de julho de 2015

Cidadão Nemo por Paulo Seara (#03/2015)

Cidadão Nemo
Peça em 1 Acto

Por Paulo Seara


Cena 3 (Medicamentos)


Um terço da luz ilumina o quarto. Na penumbra quase total, um homem dorme, dentro de um enorme fatia de cobertores. O conforto do sono não será perturbado pelo ruído agudo da telefonia? Estará a dormir?
Do quanto consegue vislumbrar-se o mobiliário enegrecido, com algumas mossas, e cortes na madeira lacada. Há no ar o cheiro da urina; e o bafo retido no cubículo; o cotão com pó que petrifica o chão debaixo da cama. O relógio dispara, que é hora de tomar os comprimidos para adormecer. O homem está alerta, tosse e ergue-se, ilumina a dose habitual e deita-se novamente com os comprimidos se desfazendo nas entranhas. O rádio continua pela madragoa tocando, como se fosse a luz de vigília de crianças.

Monólogo ao tomar os comprimidos.

Semedo: Este vou guardar para amanhã e este também, que a vida está cara, e porque preciso de dinheiro para o talho, e comprar as aparas é o que é!. São horas … (tosse) … são só mais este dois, e assim só de amanhã a oito é que compro uma nova caixa … (tosse).


(Pausa)

E tu vai tocar para a puta que te pariu (desliga o alarme, e volta a deitar-se).

sexta-feira, 17 de julho de 2015

SCREEN SHOT por A.A.M. (#29/2015)

(Screen Shot é escrito segundo a nova variação ortográfica.)


Realização: Duncan Jones


Em Source Code, O Código Base (2011), o ator Jake Gyllenhaal, representa o Capitão Colter Stevens, um soldado condecorado que um dia acorda no corpo de outra pessoa. Não tarda em aperceber-se de que faz parte de um programa experimental do governo, chamado "O Código Base”. Tem consigo Michelle Monaghan, que desenvolve a sua personagem de modo a que permita compreender melhor todo o desenrolar da história. Um argumento engenhoso de Ben Ripley que se junta à realização arquitetónica de Duncan Jones, e juntos constroem um thriller de ficção que nos capta a atenção. Complexo e desafiante, a não perder.


terça-feira, 14 de julho de 2015

Ditados Impopulares (#14/2015)



"Um provérbio que certas organizações mais ou menos secretas têm tentado censurar mas que lhes escapou aos tentáculos."


Segue os Ditados Impopulares no facebook. ;)

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Poesia de primeira, à Segunda-Feira (#28/2015)

Laranja, peso, potência


Laranja, peso, potência.
Que se finca, se apoia, delicadeza, fria abundância.
A matéria pensa. As madeiras
incham, dão luz. Apuram tão leve açúcar,
tal golpe na língua. Espaço lunado onde a laranja
recebe soberania.
E por anéis de carne artesiana o ouro sobe à cabeça.
A ferida que a gente é: de mundo
e invenção. Laranja
assombrosamente. Doce demência, arrancada à monstruosa
inocência da terra.


Herberto Helder

domingo, 12 de julho de 2015

Undenied Pleasures por Nuno Baptista (#28/2015)



O décimo terceiro álbum, dos The Flaming Lips, dá pelo nome de "The Terror". Actualmente caracterizados pelo "Rock Experimental", o vocalista Wayne Coyne afirma que este trabalho recai numa característica, o amor, pois acreditam que sem ele desapareceríamos, no entanto, para Coyne, mesmo que "The Terror" não represente o amor, a vida continua e o álbum transforma-se "numa morte sem piedade".
"Caneco!", que descrição... Fiquem com a "Sun Blows Up Today".


sábado, 11 de julho de 2015

Cidadão Nemo por Paulo Seara (#02/2015)

Cidadão Nemo
Peça em 1 Acto

Por Paulo Seara


Cena 2 (Diálogo com a encarregada do senhorio)


A cena decorre na cozinha, um espaço iluminado por uma luz suspensa, vislumbra-se parte da mesa, da porta em frente sai uma iluminação em contra luz, por aí saí a encarregado do senhorio.

Sr.ª Rosália: Oh, senhor Semedo! Afinal temos novamente as nódoas no chão da casa de banho… são pingas de mijo!

Semedo: O chão é a terra, minha senhora (ironizando a situação).

Srª Rosália: Senhor Semedo (pausa), sei que é uma pessoa simples, mas seja asseado, pois existem outras pessoas na casa…

Semedo: A senhora está a pensar que sou eu, mas não viu!

Srª Rosália: Não estou aqui para ver as vergonhas do próximo… Sabe bem que temos que ser uns para os outros; e o senhor tem que ter mais cuidado com estas situações. Se for você! Está manhã estive a limpar a casa de banho, depois voltei a entrar lá, porque me tinha esquecido do pano do pó, e deparo-me com pingas de mijo nos azulejos, meus não seriam, pois não ando a regar em pé, e como mais ninguém aqui estava, deduzo que seja o senhor. Tenha cuidado, e estime as coisas.

Semedo: (Desvia o olhar para o lado ao mesmo tempo que abaixa o queixo).

Srª Rosália: Estime as coisas, é o meu conselho!!!

Semedo: Eu vou ter mais cuidado. Mas anteontem por causa do ralo da banheira chamou-me à atenção, e eu não tinha nada que ver com o assunto. Até parece que se lá andam a rapar… a rapar… imagine.

Srª Rosália: Olhe, senhor Semedo, o melhor é ficarmos por aqui. Desculpe o incómodo ao jantar. Eu me vou, que tenho de tratar do meu!

(Pausa)

Semedo: Raios a partam, que limpe, pois eu pago-lhe!

(Recebe uma mensagem no telemóvel)

Mas quem és tu, olha-me este agora, está bem que te chames Gomes, mas não te conheço… Oh! vou para onde…às… É mas é maluco! É mas é maluco…

(O tipo liga)

Estou… mas… ah! sim, mas deve estar enganado…ah! sério que sim. Não me chateie, tente outro número.

(Pausa)

Queria o maluco, sair, pensa que tenho 20 anos, e que vou pagar-lhe alguma puta. Eu estive a combater… sei o que são as putas… e as infecções…. Que vá para o caralho!

(Pausa)

(Observa a televisão, e faz diversos zappings, sucessivamente, até ao abrupto blackout))

Petróleo e mais petróleo, isso é lá fora.

(Pausa)

Comer aqui é que é poupar, um tacho dá para 4 dias…

sexta-feira, 10 de julho de 2015

SCREEN SHOT por A.A.M. (#28/2015)

(Screen Shot é escrito segundo a nova variação ortográfica.)


Realização: Eric Darnel, Simon J. Smith


Com um elenco de vozes de luxo, entre eles John Malkovich, Benedict Cumberbatch, Ken Jeong, os famosos Pinguins de Madagáscar: Skipper, Kowalski , Private e Rico (Tom McGrath, Chris Miller, Christopher Knights e Conrad Vernon respetivamente) estão de volta! Desta vez para salvar o mundo do malvado vilão Dr. Octavius Brine que planeia destruir o mundo ao seu estilo. Nesta missão ficamos a conhecer melhor a origem destes agentes secretos desde a sua génese, até integrar o elenco de Madagáscar. Divertido como só poderia ser não deixa de ser uma comédia inteligente cheia de piadas mordazes que entretêm os graúdos e as crianças também podem ver. A ação que não descansa, com um toque de desenho técnico muito próximo da perfeição, e animação de imagens ao mais alto nível fazem com que o filme passe num instante e nos deixe desejosos por mais. Simples e puro entretenimento.


quinta-feira, 9 de julho de 2015

Animagem (#14/2015)

A escolha desta semana, recai sobre o surrealismo e o cinema abstracto. Crooked Rot, saiu da mente e visão de David Firth enquanto este arrumava a arrecadação nas traseiras de sua casa. A animação, que poderíamos traduzir como, Distorcida Podridão, inspirou  Adam Rosenberg que, em jeito de homenagem, copiou elementos de Firth para a sua própria animação, Manny. Ainda que sem certeza, o nome, Manny, parece-nos um jogo entre a pronúncia deste diminutivo (Manny = Manel, ou Mané) e da palavra inglesa para dinheiro, money!


Crooked Rot



Manny

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Poesia de primeira, à Segunda-Feira (#27/2015)

a nossa sorte


Mais do que a sorte
de cada manhã:
levaram-nos o desejo
e as canções de sempre.
O poder da língua sub-
traída à loucura do amor -
como um não futuro -
no presente anunciado.

Por entre juras de ocasião:
ruas inteiras ao acaso -
flutuamos como a gente
que vagueia sem resposta
escondemos os restos
de sol - entre os bolsos
tão vazios -
quanto a toda a ignorância.

E a cidade reinicia-se
inteira: ateando no fogo
o sentido da nossa sorte.
E agora o que nos resta?
O desterro destes dias
ou o apelo para partir?


Miguel Pires Cabral

domingo, 5 de julho de 2015

Undenied Pleasures por Nuno Baptista (#27/2015)



Esta banda fantástica, que adora Portugal e que já tive a sorte de ver no Coliseu do Porto, lançou, em 2013, "Across Six Leap Years", um álbum que reúne grandes músicas de todos os trabalhos de Tindersticks. Este álbum veio para celebrar os 20 anos da banda. Uma retrospectiva tão especial como todos os ambientes que criam e desenvolvem em cada trabalho.
Segue então uma das minhas favoritas e a primeira música que ouvi deles, corria o ano de 1993, "Her".


sábado, 4 de julho de 2015

Cidadão Nemo por Paulo Seara (#01/2015)

Cidadão Nemo
Peça em 1 Acto

Por Paulo Seara



Cena 1 (Medicamentos)


Um terço da luz ilumina o quarto. Na penumbra quase total, um homem dorme, dentro de um enorme fatia de cobertores. O conforto do sono não será perturbado pelo ruído agudo da telefonia? Estará a dormir? Do quanto se consegue vislumbrar o mobiliário enegrecido, com algumas mossas, e cortes na madeira lacada. Há no ar o cheiro da urina; e o bafo retido no cubículo; o cotão com pó que petrifica o chão debaixo da cama. O relógio dispara, que é hora de tomar os comprimidos para adormecer. O homem está alerta, tosse e ergue-se, ilumina a dose habitual e deita-se novamente com os comprimidos se desfazendo nas entranhas. O rádio continua pela madragoa tocando, como se fosse a luz de vigília de crianças.

Monólogo ao tomar os comprimidos

Semedo: Este vou guardar para amanhã e este também, que a vida está cara, e porque preciso de dinheiro para o talho; e comprar as aparas é o que é! (Pausa). São horas … (tosse) … são só mais estes dois, e assim só de amanhã a oito é que compro uma nova caixa … (tosse). (Pausa) E tu vai tocar para a puta que te pariu (desliga o alarme, e volta a deitar-se).

SCREEN SHOT por A.A.M. (#27/2015)

(Screen Shot é escrito segundo a nova variação ortográfica.)


Série: Star Talk (2015)
Produção: National Geographic Channel


Baseado sobre o conceito de Late Night Show, Star Talk mostra-nos uma série de conversas com algumas das pessoas mais interessantes do planeta. Apresentado por Neil deGrasse Tyson, aclamado astrofísico, que fazia já este programa na rádio, transita agora para televisão através do convite do canal National Geographic. Em dez episódios já decorridos recebeu por exemplo George Takei, que representou o papel de Sulu em Star Trek; Chris Hadfield, astronauta canadiano reformado que recentemente recebeu notoriedade por uma interpretação realizada no espaço da música Space Oddity de David Bowie; e Christopher Nolan realizador de “Interstellar” entre outros. Conversas casuais, onde o objectivo é mesmo falar sem compromisso, transmitir interesse e assegurar que a audiência capta a informação e aprende algo novo. Uma descoberta constante, uma realidade que por vezes parece ficção.