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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

SCREEN SHOT por A.A.M. (#05/2015)

(Screen Shot é escrito segundo a nova variação ortográfica.)


Clássico: Dr. Strangelove Or How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb [Dr. Estranhoamor] (1964)
Realização: Stanley Kubrick


A beleza dos filmes clássicos é que a sua qualidade não desaparece com o tempo. Aliás, quanto mais se revê o filme melhor se apercebe da sua génese e descobrem-se pormenores desapercebidos ou olvidados. É também fascinante a transposição do contexto dos filmes para o contemporâneo e a aprendizagem através da técnica usada e a atual em termos de realização e produção de imagem. E será essa a mais verdadeira definição de filme clássico, a intemporalidade. Neste Dr. Strangelove discute-se de uma forma exagerada a demência e parcialidade do poder que culmina na decisão de uma guerra pelos seus intervenientes. Acaba por ser esta uma primeira abordagem ao tema da guerra, a que Kubrick retornaria, sendo também a primeira das suas grandes obras. Largamente aclamado pelo seu tom de comédia mordaz, foi premiado em várias categorias como melhor filme, melhor realizador e com grande destaque para as interpretações de Peter Sellers, George C. Scott e Sterling Hayden entre outros. Para ver, rever e rever.


quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Filmes que marcam para a vida - Grandes Realizadores 2

Já aqui na Pomar de Letras, em Novembro, SCREEN SHOT recomendou Pina, filme do cineasta alemão Wim Wenders. Agora, é o jornal Público que, nesta próxima Sexta-Feira, dia 30, enceta o segundo volume da colecção Grandes Realizadores, com o filme que A.A.M. nos já apresentara, faz hoje precisamente dois meses.

De 30 de Janeiro a 03 de Abril, sempre às Sextas-Feiras, por mais 5€, com o jornal Público.

Livros que nos devoram por Luísa Félix (#01/2015)


Arthur & George


«George encontra, no percurso diário até à cidade, uma coisa ao mesmo tempo séria e reconfortante. Há uma viagem, há um destino (...). O caminho-de-ferro sugere como deveria ser, como podia ser: um encontro suave até um término, sobre carris regularmente espaçados e segundo um horário estabelecido (...). Talvez seja por isso que George sente uma fúria silenciosa, quando alguém procura danificar o caminho-de-ferro. Há rapazes - homens, talvez - que aplicam lâminas e facas às correias de couro junto às janelas; que atacam estupidamente os caixilhos das molduras por cima dos assentos; que se atardam nas pontes pedonais e tentam deitar tijolos para dentro da chaminé da locomotiva. Tudo isso é incompreensível para George. Pode parecer um jogo inofensivo colocar um penny num carril e vê-lo achatar, ganhar o dobro do diâmetro, após a passagem do expresso; mas George vê nisso uma inclinação traiçoeira, que faz descarrilar comboios.»



BARNES, Julian, Arthur and George, Edições Asa


Arthur & George é um romance de Julian Barnes, um dos mais populares autores ingleses da actualidade. A obra, publicada em 2005, parte de uma situação ocorrida no século XIX, que ficou conhecida no Reino Unido como “Os ultrajes de Great Wyrley”. O incidente fez com que as existências de George Edalji, um solicitador de ascendência indiana, que tenta vingar na Inglaterra conservadora de então, e de Arthur Conan Doyle, criador do famoso Sherlock Holmes, se tenham cruzado.

Ainda que recupere alguns dos ingredientes do romance policial, levando-nos a acompanhar Sir Arthur na busca de pistas que possam ilibar George, a narrativa de Julian Barnes não é um romance policial, antes, talvez, um romance de personagem, que combina a narrativa com os géneros epistolar, jornalístico e biográfico.

Nela, os acontecimentos são pretexto para se expor a interioridade das personagens, os seus dilemas morais, a crueldade humana motivada por preconceitos raciais. A obra parece constituir um ponto de partida para o escritor reflectir sobre as idiossincrasias da sociedade inglesa, aquilo que é o perfil do homem inglês, o papel do escritor, bem como sobre o confronto entre a ficção e a realidade.

George, filho de um vigário pársi e de uma escocesa, é educado num ambiente fechado, tornando-se um rapaz educado, obediente, crente e reservado, incapaz de dar resposta às provocações de que é vítima por parte dos colegas, que o vêem como um ser estranho. Graças a esta “estranheza” e à cor da sua pele, a polícia não hesita em atribuir-lhe a responsabilidade pelas atrocidades bizarras cometidas contra alguns animais da vizinhança.

Já na prisão, George decide escrever a Sir Arthur Conan Doyle, que admira, pedindo-lhe que analise o seu caso, para que possa provar a sua inocência.

Arthur decide aceder ao pedido de George e, assumindo o papel de Sherlock Holmes, analisa pistas, confronta documentos, vasculha o passado do solicitador para compreender a sua personalidade, evidenciando as falhas e preconceitos da sociedade, da polícia e da justiça inglesas, que conduziram a vítima à prisão.

A consistência da obra resulta não só da intriga ou das referências, quer históricas, quer literárias que a perpassam, mas também da limpidez da linguagem e da forma como a narrativa se entretece – nas duas primeiras partes, enquanto as vidas das personagens não se cruzam, os capítulos, intitulados alternadamente de “George” e de “Arthur”, surgem como narrativas distintas, protagonizadas por personagens independentes.


A autora, Luísa Félix, pode ser seguida no seu blogue, Letras são papéis.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Poesia de primeira, à Segunda-Feira (#04/2015)

E, de súbito…


E, de súbito, há essa luz
que se espalha sobre a tarde,
essa luz invasora
que traz o passado pela mão,
que o arrasta,
e mo devolve em fragmentos,
como um tempo já sem préstimo.

E, de súbito, é verão na primavera…
Vozes antigas ecoam na minha cabeça
como um mantra,
como uma ladainha,
uma canção infantil.

Vejo-me menina,
alma sem mácula e sem mágoas,
corpo pequeno que se enrola
nas palavras alheias,
pronunciadas sem pressa.



Luísa Félix

domingo, 25 de janeiro de 2015

Undenied Pleasures por Nuno Baptista (#04/2015)



Esta banda da Nova Zelândia sabe bem o que faz. No panorama musical desde 1998, Minuit cria um "Breakbeat" do melhor que já ouvi. Lançaram no final do ano de 2012 este "Last Night You Saw This Band", onde vivemos uma aventura rítmica que celebra as emoções da vida. Um álbum rico, dramático, atmosférico com as conjugações de guitarras, sintetizadores e a voz de Ruth Carr.
Fiquem com a extraordinária "Last Night You Saw This Band".


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

SCREEN SHOT por A.A.M. (#04/2015)

(Screen Shot é escrito segundo a nova variação ortográfica.)


Filme: I Origins (2014)
Realização: Mike Cahill


Imagem, cor e fotografia fantásticas é algo que podemos. desde logo. esperar quando um filme é realizado, e neste caso também com participação na escrita, por Mike Cahill. Tenta sempre nas suas participações no cinema expor ao observador uma perspetiva distinta como é o caso deste filme. Procura, através de várias coincidências, construir uma ponte entre o cientificamente provável e abstrato de uma crença ancestral. Michael Pitt e Brit Marling interpretam dois cientistas que juntos, e no decorrer da sua investigação, obtêm resultados no mínimo intrigantes, deparando-se com alguns desafios para provar a sua sustentabilidade. Mais uma vez, um bom filme também já prestigiado pela academia Sundance.



segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Poesia de primeira, à Segunda-Feira (#03/2015)

Toque paradoxal


Ódio...
remorso entediado de desespero
só solidão na sala cheia companhia
quezília que por nada em nada corrói tudo.

E nada esse tão absurdo que é vazio
frívolo qual rio por crocodilo chorado
no cotovelo dor do mal amado ser
e sempre tudo, com tudo nada, contudo

amor...


Rogério Paulo Martins

domingo, 18 de janeiro de 2015

Undenied Pleasures por Nuno Baptista (#03/2015)




21 Hertz é uma banda Sueca de "Trip-hop" criada em Estocolmo por Karin Steneby na voz, Horkko Christian na guitarra e teclados e Ricci Christian no baixo/teclados. O conceito inicial era criar música "Electrónica" ao vivo, recorrendo a instrumentos como guitarra, baixo e sintetizadores conjugados com "Slow Beats", bem como a voz de Karin. Em2013 lançaram este "Infinity Coast" que é um deslumbramento onde encetam o mencionado com preciosidade.
Fiquem com a "Infinity Coast".


sábado, 17 de janeiro de 2015

SCREEN SHOT por A.A.M. (#03/2015)

[Por motivos de ordem técnica não foi possível publicar a rubrica SCREEN SHOT na altura prevista, por isso pedimos desculpa.]
(Screen Shot é escrito segundo a nova variação ortográfica.)


Realização: WesAnderson


Neste filme, WesAnderson presenteia-nos com um dos seus melhores trabalhos. Num culminar de maturação, reúne o que de melhor sabe e tanto nos encanta em estruturação de planos visuais, aproximação às personagens e encadeamento de ação numa narrativa como só ele sabe contar. Em The GrandBudapest Hotel participam os amigos habituais como o grande Bill Murray, Adrien Brody e Jason Schwartzman que apoiam os papeis principais de Ralph Fiennes e Tony Revolori como personagens chave do filme. Jude law, representa um escritor que escolhe este hotel como refúgio em busca da sua inspiração e descobre porque foi considerado a melhor e mais aclamada estância da Republic of Zubrowka. E assim surge esta ilustração que temos o prazer de ver e partilhar.


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Ditados Impopulares (#01/2015)



"Um provérbio provavelmente inconstitucional mas que se arrisca a entrar em vigor antes de se saber se o é ou não."


Segue os Ditados Impopulares no facebook. ;)

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Poesia de primeira, à Segunda-Feira (#02/2015)

Os que da morte se apercebem


Inclino-me sobre o linho sujo e desfiado destes dias
E lavo o sangue na cal branca das horas ingénuas

Tínhamos tempo e o veneno só conspirava na literatura
O caminho era plasticina azul fluida e leve como o lume

E as mãos desenhavam gaivotas de sombra nas paredes
Que voavam até onde as altas falesias desafiavam o céu

A peste veio hoje vestida de ninfa branca e deu-me a boca escarlate
E convidou-me para dançar entre flores de champagne e de cicuta

Preferi o sorriso aquático das estrelas e a doçura de uma rosa de água

Felizes os que da morte da alma se apercebem

E sonhando a vida tão vasta quanto o sonho se concedem!


Valter Guerreiro

domingo, 11 de janeiro de 2015

Undenied Pleasures por Nuno Baptista (#02/2015)



Directamente da Bielorrússia temos That Sky & Noise Beats. That Sky é um produtor de Minsk chamado Alexander, Noise Beats é um músico de Moscovo de nome Yaroslav, juntaram-se para fazer este EP que ambos descrevem como algo sem regras e aberto a experiências. Este "Void" (2012) aborda o "Downtempo" com grande classe que permanece fiel ao que ambos consideram ser a exploração conceptual adequada aos seus propósitos.
Fiquem com o video-clip da lindíssima "Remember".




N.R.: O EP pode ser adquirido gratuitamente na página da banda no sítio bandcamp.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

SCREEN SHOT por A.A.M. (#02/2015)

(Screen Shot é escrito segundo a nova variação ortográfica.)


Realização: Evan Goldberg, Seth Rogen


Envolto em grande polémica, desde a sua génese até à estreia, este, que é o segundo filme desta parelha de amigos realizadores, Uma entrevista de loucos estava destinado ou ao sucesso ou ao completo fracasso sem se adivinhar qual dos dois iria prevalecer. James Franco representa Dave Skylark, mediático apresentador do programa Skylark Tonight e Seth Rogen é Aaron Rapoport, o produtor da série. Fartos de serem menosprezados pelos seus pares profissionais decidem, ao descobrir que Kim Jong-un era fã do seu programa, contata-lo para fazer a entrevista do ano. Tudo o resto é um vasto leque de sátira em cantigas de escárnio e maldizer com um bom toque de comédia. Cedo se descobriram os propósitos do filme o que levou a ameaças aos seus intervenientes e ataques informáticos à Sony Pictures Entertainment para evitar o seu lançamento tendo sido adiado várias vezes. A estreia foi cancelada e posteriormente foi lançado online e apenas algumas salas de cinema selecionadas o exibiram. Ainda assim tornou-se em poucos dias um dos filmes mais lucrativos para a Sony, com opiniões diversas entre a liberdade de expressão, ofensa pública, fundamentalismos teóricos e estratégias de marketing agressivas. Posto isto, deixo à vossa consideração.



segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Poesia de primeira, à Segunda-Feira (#01/2015)

A minha solidariedade


A minha solidariedade
Não vale de nada
Queria uma metralhadora
Para costurar a cidade.


Os azeites e os vinagres
No fundo da ânfora
Resto de cêntimos podres
Para entreter os ónagros na floresta


Comer, beber, respirar
Cultura com um pano em cima.
Obediência ao trigo, gordura e açúcar
E o Dali que pinta uma glande flácida


Abalam como sonoros batentes
Baques e tiques de fome
Com arrogância entre dentes
E a coragem do Manuel Alegre


Nem punhos nem balas
Nem o caralho em parada
Desfilam as vacas esclerosadas
Crónica de uma morte anunciada.


Lavam-se mais uns rabos
Não poupados, com muita alegria
São muitos da burguesia os empreiteiros
Cães de colo da estrebaria.


A minha solidariedade
Não tem madrugadas explicadas
É uma conspiração de noite
É um enlace com pedras.




Paulo Seara (20/12/2014)

domingo, 4 de janeiro de 2015

Undenied Pleasures por Nuno Baptista (#01/2015)



Esta banda Americana (Jenova 7) lançou, em 2012, este álbum de grande qualidade; "Sounds Of Sector 7" é um trabalho melancólico com batidas pós-apocalípticas mistificadas com o "Trip-hop" e embebidas com um Lo-fi carismático. A crítica diz algo como ser um álbum que sobreviveu à queda da cidade, a música encontrada permanece guardada como uma relíquia, "uau"!
A banda encontra-se à procura de editora, impressionante...
Fiquem com "Edge Of Slumber".


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Com a cabeça nas nuvens em Janeiro

Este fim de semana, dias 3 e 4, será possível observar a chuva de meteoros Quadrantids.

SCREEN SHOT por A.A.M. (#01/2015)

(Screen Shot é escrito segundo a nova variação ortográfica.)


Série: Odisseia (2013)
Realização: Tiago Guedes


Transmitida durante o ano de 2013 na televisão pública, Odisseia é o reflexo da criatividade dos seus autores. Nesta representação surge um misto de realidade/ficção que deixa o espectador ciente não só do decorrer da ação mas também do processo de construção da narrativa e os vários fatores que intervêm no desenrolar da sua história. Bruno e Gonçalo partem numa aventura de autocaravana pelo país querendo afastar-se da vida laboral rotineira e nesse percurso encontrar solução para os seus dilemas da vida de todos os dias. Surpreendente é, como o próprio nome o indica, uma jornada que toma proporções épicas pelo ser percurso evolutivo e desenrolar improvável. Obrigatório ver.


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Bom (p)ano

Recuperando um Ditado Impopular já aqui partilhado, com votos de um bom ano e boas Letras.




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