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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Livros que nos devoram

O Silêncio do Mar


                A obra O Silêncio do Mar (Le Silence de la Mer, no original) revela-se uma obra de resistência e de protesto contra a ocupação nazi. Foi escrita por Vercors, pseudónimo de Jean Marcel Bruller (n. 1902, Paris – m. 1991, Paris) e publicada clandestinamente em 1942. Durante anos, O Silêncio do Mar constituiu, em Portugal, leitura obrigatória para os alunos que frequentavam o nível superior da disciplina de Francês.
                Na obra, cruzam-se dois monólogos: o do narrador-observador e o de uma das três personagens, um oficial nazi que, em 1941, se instala, sem consentimento, na casa de uma família francesa. Tio e sobrinha não contestam abertamente a ocupação, mas optam pelo silêncio, fazendo por ignorar a presença do inimigo. Permitem-lhe que se aproxime da lareira, que use o piano, sem alguma vez lhe dirigirem uma palavra ou darem mostras de que estão a escutá-lo.
                Durante cem dias, o oficial trata com afabilidade os habitantes da casa, falando de si, do seu passado e do seu fascínio pela cultura e pelos escritores franceses.

                Apercebemo-nos, pelas observações do narrador, da paixão impossível que vai nascendo entre o alemão e a mulher da casa e da admiração do próprio narrador pelo inimigo.           Ao longo da obra, tornamo-nos cúmplices das batalhas interiores das três personagens e ansiamos que um dia o silêncio, que é tão impetuoso e forte como o mar, se quebre.




(Livros que nos devoram é a nova rubrica mensal da Pomar de Letras, não percas na última Quarta-Feira de cada mês uma nova proposta de leitura. A crónica é da autoria de Luísa Félix que pode também ser seguida no  seu blogue, Letras são papéis.)

1 comentário:

deep disse...

O título "Os livros que nos devoram" foi inspirado no título da obra de Afonso Cruz "Os livros que devoraram o meu pai".

Boas leituras!