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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Conto do Beijo Negro com Três Grandes Conselhos de Aires 8/10 (Obra de Paulo Seara)

Lê, ou relê, as partes anteriores; 123456; 7;


Conto do Beijo Negro com Três Grandes Conselhos de Aires



8


É dia de Páscoa na terra do Aires. Como sempre a visita pascal percorre toda a vila. Mas este ano uma nova porta irá reverenciar sua excelência o senhor Padre: a porta do Aires.

Apesar de ainda não estar toda a corrente eléctrica instalada, de grosso modo a casa está pronta para ser habitada. Na sala, ao lado da estante de livros, o Aires dá lustro às garrafas de variados vinhos espirituosos. Espera secretamente oferecer um vermute bem mexido ao senhor Padre. E arriscará largar umas gotas de urina.

Aires encontra-se feliz, investir no bar foi um golpe de génio e destruiu a concorrência. Antes, obscurecido pela dúvida e o remorso pensava que a existência se encontrava a caminho de um buraco negro e que a sorte lhe tinha dado um beijo negro. Mas felizmente o financiamento que obteve por desinfectar a cabeça do bancário da vila, que tinha sofrido uma mordedura de uma víbora quando olhava para a tratadora de cobras do circo, propiciou-lhe uma prosperidade inesperada.

E assim pôs de parte a ideia de ser modelo ao natural na escola de belas artes do Porto ou o químico cerebral que reabilitará a urina, dando-lhe um velho nome: amónio. 

Voltando às celebrações pascais; o Aires ficou aborrecido, o Padre não quis beber nada, nem uma poncha. Que falta de respeito pela tradição pensou Aires.

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