Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Poesia de primeira, à Segunda-Feira (#01/2015)

A minha solidariedade


A minha solidariedade
Não vale de nada
Queria uma metralhadora
Para costurar a cidade.


Os azeites e os vinagres
No fundo da ânfora
Resto de cêntimos podres
Para entreter os ónagros na floresta


Comer, beber, respirar
Cultura com um pano em cima.
Obediência ao trigo, gordura e açúcar
E o Dali que pinta uma glande flácida


Abalam como sonoros batentes
Baques e tiques de fome
Com arrogância entre dentes
E a coragem do Manuel Alegre


Nem punhos nem balas
Nem o caralho em parada
Desfilam as vacas esclerosadas
Crónica de uma morte anunciada.


Lavam-se mais uns rabos
Não poupados, com muita alegria
São muitos da burguesia os empreiteiros
Cães de colo da estrebaria.


A minha solidariedade
Não tem madrugadas explicadas
É uma conspiração de noite
É um enlace com pedras.




Paulo Seara (20/12/2014)

Sem comentários: