A minha solidariedade
Não vale de nada
Queria uma metralhadora
Para costurar a cidade.
Os azeites e os vinagres
No fundo da ânfora
Resto de cêntimos podres
Para entreter os ónagros na floresta
Comer, beber, respirar
Cultura com um pano em cima.
Obediência ao trigo, gordura e açúcar
E o Dali que pinta uma glande flácida
Abalam como sonoros batentes
Baques e tiques de fome
Com arrogância entre dentes
E a coragem do Manuel Alegre
Nem punhos nem balas
Nem o caralho em parada
Desfilam as vacas esclerosadas
Crónica de uma morte anunciada.
Lavam-se mais uns rabos
Não poupados, com muita alegria
São muitos da burguesia os empreiteiros
Cães de colo da estrebaria.
A minha solidariedade
Não tem madrugadas explicadas
É uma conspiração de noite
É um enlace com pedras.
Paulo Seara (20/12/2014)
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