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quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Livros que nos devoram por Luísa Félix (#11/2015)

Novelas Exemplares, de Miguel de Cervantes


«Yo soy el primero que he novelado en lengua castellana, que las muchas novelas que en ella andan impresas todas son traducidas de lenguas estranjeras, y éstas son mías propias, no imitadas ni hurtadas: mi ingenio las engendró, y las parió mi pluma, y van creciendo en los brazos de la estampa.»

«La poesía es una bellísima doncella, casta, honesta, discreta, aguda, retirada, y que se contiene en los límites de la discreción más alta. Es amiga de la soledad, las fuentes la entretienen, los prados la consuelan, los árboles la desenojan, las flores la alegran, y, finalmente, deleita y enseña a cuantos con ella comunican.»









Miguel de Cervantes, Novelas Ejemplares


Miguel de Cervantes (Alcalá de Henares, 1547 - Madrid, 1616) ficou sobretudo conhecido por ter escrito D. Quixote, que fez com que outras obras, como Novelas Exemplares, tenham sido relegadas para segundo plano.

O volume com o título de Novelas Exemplares, que teve como primeiro título Novelas ejemplares de honestíssimo entretenimiento, integra doze narrativas curtas, escritas entre 1590 e 1612. A acção destas narrativas gravita em torno de personagens-tipo, através das quais, o autor retrata a sociedade do seu tempo. 

Destaco deste conjunto de novelas O Velho Ciumento e O Licenciado , El Celoso Estremeño e El Licenciado Vidriera, no original. 

A primeira novela tem como protagonista um comerciante de idade avançada que casa com uma jovem. Ele é de tal modo ciumento que, para evitar que, na sua ausência, a esposa o traia ou seja abordada por outros homens, constrói uma casa sem janela e com uma só porta. Apesar deste esforço e de ter recomendado à criada que não permitisse que alguém entrasse em casa ou que a esposa saísse, esta acabou por traí-lo com um vendedor de azeite que conseguiu aceder à cozinha. 

A segunda revela-se igualmente curiosa. A personagem central é um jovem universitário que estuda em Salamanca e que acaba por enlouquecer. No seu estado de loucura, vê-se como um garrafão de vidro. O seu medo de se partir é tal que evita caminhar junto às casas para que nenhuma telha o parta.

Representativas da chamada literatura picaresca, estas novelas integram não só personagens bizarras e exageradas, tanto ao nível do carácter como do comportamento, como abordam temas cliché, como o ciuúme, a infidelidade, a loucura, o roubo, entre outros, lembrando, em certa medida, Gil Vicente.


A autora, Luísa Félix, pode ser seguida no seu blogue, Letras são papéis.

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