Setembro ressuscita os nossos mortos
senta-os nas varandas onde secam os figos
e as casulas, onde cheira ainda a maçãs,
e ali, de mãos pousadas no regaço,
desfiam histórias antigas.
Tornam-nos a vida mais breve
essas horas curtas de Setembro,
em que reaprendemos o caminho
dos campos,
a carícia das mãos sobre as uvas,
o doce sumo dos frutos.
Neste mês de luz coada,
em que o sol põe arrepios sobre a pele,
que conserva ainda a memória do verão,
seguiste o caminho que te afastava de mim.
Das amoras, ficou-me esta tinta indelével
nas pontas dos dedos.
Luísa Félix
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