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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Poesia de primeira, à Segunda-Feira (#50/2015)

Setembro


Setembro ressuscita os nossos mortos
senta-os nas varandas onde secam os figos
e as casulas, onde cheira ainda a maçãs,
e ali, de mãos pousadas no regaço,
desfiam histórias antigas.

Tornam-nos a vida mais breve
essas horas curtas de Setembro,
em que reaprendemos o caminho
dos campos,
a carícia das mãos sobre as uvas,
o doce sumo dos frutos.

Neste mês de luz coada,
em que o sol põe arrepios sobre a pele,
que conserva ainda a memória do verão,
seguiste o caminho que te afastava de mim.

Das amoras, ficou-me esta tinta indelével
nas pontas dos dedos.


Luísa Félix

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