Olha essas janelas.
Repara como o tempo
as cingiu num abraço corruptor,
como se fizeram brandas
e silenciosas sobre
o bulício da rua.
Lembra como, outrora,
mãos diligentes ajeitaram
as pregas das cortinas,
as mesmas mãos
que se ergueram
em saudosas despedidas.
Talvez te lembrem juras de amor,
beijos lançados, à socapa,
talvez olhares furtivos…
Olha-as e repara
como se fez noite dentro delas
e lhes nasceram fantasmas
nas entranhas.
Luísa Félix
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