Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 30 de março de 2015

Poesia de primeira, à Segunda-Feira (#13/2015)

Dedicado a Adolfo Luxúria Canibal.


Tens tudo a perder, nada a ganhar. Tens tudo para ganhar,
nada para perder. Tens de viver e morrer, destroçado, abandonado.
Entregue a ti, ao destino, ou extraviado pelo caminho. Tens de perder e
encontrar, a ti e a outros, ser encontrado e violado. Aprender e ensinar.
Deves ganhar e odiar, assim saibas amar, prezar a entropia, e dela
nascer em harmonia, melodia e palavras.

Deixa-me a minha solidão, a minha morte, possa eu
devolver equilíbrio à minha alma e arrastar o teu cadáver, para junto das carcaças nefastas
de poetas e sonhos. Deves mutilar-te e alimentar os que sofrem,
sofrer até morrer
e manter o silêncio da multidão atónita pela sede de sangue
e afónica pela histeria da morte. Tens de jurar segredo
à nossa existência e calar as bocas que choram com fome de guerra.
Liga a televisão e em directo
controla as mentes remotas dos contribuintes. Depois morre depressa e salva-me
da loucura.

Sinto que só a esquizofrenia, não pode mais aguentar-nos a sobriedade,
nas sórdidas ilusões desta realidade podre.


Rogério Paulo E. Martins

Sem comentários: