Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Poesia de primeira, à Segunda-Feira (#23/2015)

(in)coherent sprawl


A infame nuvem levita em cima da tua cabeça, sentes-te acusado, revoltas-te com a pedra que descansava no passeio, hesitas, é suficiente a alienação, lembras-te de algo parvo, voltas à nuvem, talvez o local não seja o indicado, as práticas tornam-se falíveis, pensas em genes, voltas à nuvem, as implicações estão erradas, pensas nas chaves de casa, voltas à nuvem, a energia é mal aplicada, a página está rasgada, pensas na importuna buzina que acabas de ouvir, voltas à nuvem, antecipas tempos, comutas, cogitas, transcreves, passas a mão na testa, sentes a aceleração, olhas a estrada, voltas à nuvem, olhas a estrada, voltas à nuvem, olhas a estrada, voltas à nuvem, olhas a estrada, voltas à nuvem, olhas a estrada, voltas à nuvem, culpas o culto exercido, sentes-te acusado novamente, eclode a partilha interna dos teus órgãos, extravasas-te, sentes o aperto, sentes o frio, voltas à nuvem… estás aqui, na abertura quebrada que transpira entre tuas lentes, que te usam como suporte na cura desenfreada do apelo mantido pela mercê da inacabada senda que te levará automaticamente onde quiseres ir…


Nuno Baptista

Sem comentários: