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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Poesia de primeira, à Segunda-Feira (#24/2015)

A Floresta de Cedofeita


Foram estas as ruas que se ergueram
para nós, mal desenhadas, velozes sob o fardo
dos nossos adereços:símbolos de pano,
mortalhas, música ligeira com muitos violinos
e um coro de mulheres. Mas o movimento
rasa apenas a superfície das coisas, é a malha
onde prendemos os olhos, uma espécie de venda.

A floresta que conduzia à igreja está debaixo
do cimento – não a ouves respirar? Tudo o que cresce
sobre a terra tem a mesma vocação, as casas, o passado,
o corpo em todo o caso: qualquer coisa o segura
desde o princípio. E as praças que estiveram
ao fundo da noite uma vez
é para onde caminhamos a vida inteira.


Rui Pires Cabral

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