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sábado, 8 de agosto de 2015

Cidadão Nemo por Paulo Seara (#06/2015)

(Na próxima semana Cidadão Nemo chega ao fim. Numa edição especial, a Pomar de Letras vai publicar a peça na integra, desde a primeira até à última cena, incluíndo as anotações do autor.)


Cidadão Nemo
Peça em 1 Acto

Por Paulo Seara


Cena 6 (O outro está no sofá a ver a televisão boa)


Semedo: Ainda lá está… se pudesse… tirava uma cavilha, e acabava com ele, mas não estamos no mato.

(Pausa)

Quase que me viu… Lá continua, que animal. Pensas que isto fica assim… eu sei que queres fazer o comer, e não vai demorar muito.

(Pausa)

(Depois de ganhar coragem, aproxima-se do outro)

Não vai jantar, não vai ou já comeu fora… o fogão já está livre, se quiser faça o jantar, faça o jantar.

Outro: Ao jantar eu ainda não vou já…!

Semedo: Vai lá fora?!

Outro: Não, estou a dizer que vou jantar quando entender…, vou assim que entender!

(Semedo recua até aos aposentos, depois entra na cozinha e arreda um banco para se sentar, vê televisão. A cabeça está sobrelevada. A televisão abre uma fresta de luz.)

(Pausa)

(O Outro, despega-se do sofá, e passivamente entra na cozinha onde procura ingredientes. Sai novamente, procurando o isqueiro. Semedo deve-o ter com ele por asco. Semedo sai depois, inflecte para o quarto, disfarçadamente, e retoma o caminho para o sofá.)

(Fade out)

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