Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V – 10 de Dezembro
Rogério já tinha um plano, como o velho Gonçalves morrera devia
agarrar a oportunidade de ficar com a vaga de sacristão. Ter
acesso à capelinha não seria mais um problema, e o cargo garantir-lhe-ia a
descrição que precisava. Edmundo gostou da ideia, era maldosa, a recôndita
mentalidade das pessoas nunca admitiria pensar num sacristão que roubasse uma
imagem, muito embora os sacristães tivessem fama de recolher os fundos das
esmolas. Era necessário convencer o padre, e a paróquia teria um novo, e bem novo serviçal de Deus. A mulher é que não
gostou da ideia. Ela achava-o doido, ele que desde a entrada no serviço militar
nunca conhecera o interior de uma igreja, até ao dia do casamento. De onde lhe vinha
aquele manancial de religiosidade? Tinha estado com gripe, mas não estivera às
portas da morte. Que estranha redenção! Pensar em ser sacristão, substituir o velho Gonçalves acossado
pelo catarro e pela coluna moída.
Disse-lhe que era seu dever, perpetuaria a tradição familiar que um tio-avô deixara sem continuadores, trinta anos
atrás, ainda ele não tinha nascido.
Não obstante as picardias, as
interrogações, as cadeias que a jovem mulher lhe fabricou, este seguiu em
frente, não temendo o figurão entre os amigos. Doido obstinou-se repetidamente
até que se foi “reconciliar com Deus” na pessoa do padre Silva. Mais uma vez,
na tal véspera da reconciliação, Joana lhe
implorou, para que pensasse na chacota de que seria alvo no emprego, na cidade,
e como a família o estranharia, esbugalhada, com aquela “reconciliação”.
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