Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII – 5 de Janeiro
Rogério encontrava-se pleno de
satisfação, as celebrações chegavam ao fim, no emprego, apesar de tudo, não era
criticado. Agora podia conceber as evoluções do seu plano. Faltava-lhe vingar a
intromissão daqueles dois faróis, vingar-se de quem prejudicara seriamente o
trabalhinho; não tinha muitas pistas quanto ao paradeiro dos desconhecidos
intrometidos, no entanto, já há algum tempo rondava o monte da capelinha
farejando e interpretado sinais. Das artes que possuía, a principal, era varrer
o local de tempos a tempos com os binóculos.
Nessa noite acertou em cheio, fosse
quem fosse, não importava, porque agora iria derramar a sua vingança. Foi
directo ao automóvel. Arrancou como um passageiro desconhecido sai da carruagem
guiado por um feixe de excitação. A caminho viu que nada tinha preparado, mas
logo pensou que os seus instintos lhe revelariam uma mensagem. Rogério tinha o
caminho livre, ele era o sacristão, e deslocou-se para as pequenas ermidas perdidas entre a
paisagem, para ver se tudo estava bem.
Deslocou-se para o terreiro entre as giestas ocultadoras. De facto,
havia um carro estacionado. Enquanto o sol descia, pensou como se poderia
vingar? Por meios de sustos, recorrendo ao fogo? Pensou, enquanto pegava num depósito
de combustível, optou por fazer ruídos e mexer na vegetação e utilizaria um
truque que os pequenos usam para meter medo aos mais distraídos e incomodar os
mais velhos.
Depois de alguma insistência, um
indivíduo meio toldado pela noite saiu do automóvel para descobrir de onde vêm. Rogério aproveitou novamente e remexeu
a vegetação. O indivíduo falou. Rogério revolveu outra vez a vegetação. O
indivíduo agarrou um calhau e atirou-o para o meio dos arbustos, olhando em redor orgulhoso da sua autoridade.
Rogério contraiu-se um momento, até que atirou ao indivíduo um punhado de pedras. O
outro acobardou-se instantaneamente e logo o automóvel arrancou
furiosamente.
O bom sacristão voltou ao terreiro,
dominador da situação. Sabia que poderia ter assustado um qualquer casalinho, mas ressalvava-se um facto, o que importara para Rogério fora
o acto, a sua catarse. Ganhou segurança para o assalto final à capelinha, a
Santa, do mito ou não, tendo ou não jóias, brevemente estaria nas suas mãos.
Apenas 15 dias o separavam do propósito, 15 impacientes dias, tudo porque
esperava por Edmundo que levaria o saque para o Porto, na manhã imediata, a fim
de negociar o tesouro, mas para ele seria já imediatamente.
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