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sábado, 6 de dezembro de 2014

Crime Entre Amigos por Paulo Seara

(Se perdeste, algum dos capítulos anteriores de Crime Entre Amigos, ou se os quiseres reler, carrega nas ligações para veres o capítulo respectivo.)

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII


Capítulo VIII – 5 de Janeiro


Rogério encontrava-se pleno de satisfação, as celebrações chegavam ao fim, no emprego, apesar de tudo, não era criticado. Agora podia conceber as evoluções do seu plano. Faltava-lhe vingar a intromissão daqueles dois faróis, vingar-se de quem prejudicara seriamente o trabalhinho; não tinha muitas pistas quanto ao paradeiro dos desconhecidos intrometidos, no entanto, já há algum tempo rondava o monte da capelinha farejando e interpretado sinais. Das artes que possuía, a principal, era varrer o local de tempos a tempos com os binóculos.

Nessa noite acertou em cheio, fosse quem fosse, não importava, porque agora iria derramar a sua vingança. Foi directo ao automóvel. Arrancou como um passageiro desconhecido sai da carruagem guiado por um feixe de excitação. A caminho viu que nada tinha preparado, mas logo pensou que os seus instintos lhe revelariam uma mensagem. Rogério tinha o caminho livre, ele era o sacristão, e deslocou-se para as pequenas ermidas perdidas entre a paisagem, para ver se tudo estava bem.

Deslocou-se para o terreiro entre as giestas ocultadoras. De facto, havia um carro estacionado. Enquanto o sol descia, pensou como se poderia vingar? Por meios de sustos, recorrendo ao fogo? Pensou, enquanto pegava num depósito de combustível, optou por fazer ruídos e mexer na vegetação e utilizaria um truque que os pequenos usam para meter medo aos mais distraídos e incomodar os mais velhos.

Depois de alguma insistência, um indivíduo meio toldado pela noite saiu do automóvel para descobrir de onde vêm. Rogério aproveitou novamente e remexeu a vegetação. O indivíduo falou. Rogério revolveu outra vez a vegetação. O indivíduo agarrou um calhau e atirou-o para o meio dos arbustos, olhando em redor orgulhoso da sua autoridade. Rogério contraiu-se um momento, até que atirou ao indivíduo um punhado de pedras. O outro acobardou-se instantaneamente e logo o automóvel arrancou furiosamente.

O bom sacristão voltou ao terreiro, dominador da situação. Sabia que poderia ter assustado um qualquer casalinho, mas ressalvava-se um facto, o que importara para Rogério fora o acto, a sua catarse. Ganhou segurança para o assalto final à capelinha, a Santa, do mito ou não, tendo ou não jóias, brevemente estaria nas suas mãos. Apenas 15 dias o separavam do propósito, 15 impacientes dias, tudo porque esperava por Edmundo que levaria o saque para o Porto, na manhã imediata, a fim de negociar o tesouro, mas para ele seria já imediatamente.

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