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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Poesia de primeira, à Segunda-Feira

Neste sono profundo em que me deito
Há um olho em permanente vigília
Segredando credos numa homilia
Da torre erguida ao centro do meu peito;
Irís sorvendo a luz de cada dia
Para na noite escura ver seu efeito.

Nesta vigília ausente de sono
Há sempre um olho muito bem fechado
Cá dentro para não ser deslumbrado
Por tanta luz plástica ao abandono;
E assim entre o entreaberto e o velado
Tenho em cada olho do outro o seu abono.

E nem sequer procuro bem saber
Se melhor vejo com este, bem aberto,
Ou com o que nunca está bem desperto;
Pois só com um deles não posso ver
Tanto o que a sombra tapa aqui bem perto
Como o que a luz de longe vem trazer.


Hugo Carabineiro

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